sábado, 9 de abril de 2011

O que está acontecendo conosco?

 
 

    Imagino que vocês leitores aqui do blog estão sabendo do massacre que aconteceu lá no Rio de Janeiro, na quinta-feira de 7 de abril em uma escola carioca, onde várias crianças foram mortas por um adolescente. Portanto vim fazer compartilhar a reflexão que fiz sobre esse fato muito triste que ocorreu esses dias, sem o objetivo de causar mais alarde da situação.
 
  Comigo foi assim, vi na televisão uma notícia sobre a morte de várias crianças em uma escola no Rio de Janeiro que foram mortas por um adolescente. Até aí eu não sabia quantas crianças foram mortas e feridas e qual era o perfil do assassino. E o primeiro sentimento que eu tive foi a indiferença por ver tragédias, mortes todos os dias, seja pela televisão ou pela própria internet. Apenas na sexta-feira que eu fiquei sabendo de informações mais detalhadas sobre as crianças que foram mortas - que na maioria eram meninas e estavam cursando o ensino fundamental - e do assassino que era ex-aluno e 22 anos de idade. Ele suicidou quando foi conseguiram prendê-lo.
  Até aí vocês devem estar pensando "nossa Dani, como você é extremamente insensível! Viu a notícia de crianças e não se comoveu em momento algum." e eu concordo com quem pensou isto de mim, eu admito. Depois de saber detalhes sobre o acontecimento eu me senti muito culpada e decidi refletir um pouco sobre esta minha falta de comoção e achei o motivo, que aliás é preocupante.
  Aqui dentro de casa eu não tenho o hábito de assistir televisão, são raras vezes que vejo TV. Mas naquela quinta-feira quando eu apertei o botão power a primeira coisa que ouvi foi sobre o massacre. Quando o jornalista terminou de dar a informação eu agi com indiferença justamente por ser a primeira notícia nos jornais. Oras, pensando assim, logo dá a entender que eu estava esperando que mais notícias ruins deste tipo fossem exibidas até o final do dia e foi aí que eu descobri onde estava o problema. Nós vemos notícias deste tipo toda hora, minuto e segundo. Seja pela televisão, rádio, jornais ou internet.
  O natural do ser humano é ver notícias deste tipo e se sentir comovido com a morte de um ser tão frágil quanto nós, mas a partir do momento que criamos o hábito de ver tragédias deste tipo nós criamos uma censura, um distanciamento. Foi a morte de pessoas lá do Rio de Janeiro que eu não conheço, está bem longe da minha cidade, da minha família e de mim. Eu moro aqui em São Paulo e nada aconteceu com ninguém da minha cidade e com as pessoas que eu amo. É isto é que eu chamo de se distanciar dos acontecimentos. Nós perdemos a capacidade de enxergar o outro como uma pessoa da mesma espécie que a nossa para se importar apenas com as pessoas que nós conhecemos. É esta sensibilidade que está faltando quando nós estamos diante da notícia da morte do nosso próximo. A mídia é culpada por habituar a nossa mente a ver cenas de terror e de nos tirar o sentimento de comoção, porém ela se torna tão culpada quanto nós quando não paramos para refletir sobre fatos como estes. Talvez esteja aí a explicação para que um homem de 22 anos vá até uma escola e extermine várias crianças.
  Faço um pedido a vocês, que têm a capacidade de refletir, a parar para pensar sobre toda essa massa de informações que circulam pelos veículos de comunicação. Esqueçam que é mais uma tragédia e lembrem-se que cada ser humano é único. Só assim consegui perceber a falta de doze crianças únicas a menos no mundo e sanei a minha indiferença e falta de comoção. Se você quiser participar para a melhora do mundo comece pelos seus pensamentos porque eles têm uma enorme influência sobre você. Pare, pense e sinta. Nós não temos o poder de mudar um mundo mas temos a capacidade de fazê-lo um lugar melhor para se morar.

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