domingo, 5 de fevereiro de 2012

Resenha crítica: Deixa Ela Entrar


  Direção: Thomas Alfredson
  Ano: 2008
  Duração: 115 minutos
  Título original: Lat Den Rätte Koman In


Crítica

Um romance cativante, realista, sutil, dramático e lento. Se eu contar que se trata de um filme de terror com vampiros vocês acreditam?


    A história de amor acontece entre Oskar (Kare Hedebrant) e Eli (Lina Leandersson). Oskar é um menino sueco comum. Loiro com cabelos na altura do queixo, quase albino. Na maior parte do tempo alimenta sua raiva contra seus colegas de escola que o agridem e se sente muito sozinho. Eli é a garota nova no condominio de Oskar. Cabelos escuros, branca com uma aparência meiga e nunca sente frio. Ambos têm 12 anos, entretanto Eli tem essa idade há mais tempo.
  O enredo tem um ritmo bem lento mas suficientemente atraente para prender a atenção dos telespectadores, sem ser cansativo. Ao contrário, instigante por ter uma sesanção de "a qualquer momento posso levar um susto, por isso vou ficar preparado". Felizmente, isso não acontece durante o filme. Porque às vezes o susto se torna apelativo demais para criar o clima de suspense. A alternativa do diretor Thomas Alfredson foi colocar cenas com mais ação bem rápidas e com imagens fortes, para chocar o telespectador. A sensação de ser chocado é tão interessante que nos impulsiona a entrar no ritmo lento que a história se desenrola, de uma maneira extremamente cativante e tão real que chega a ser assustador.
  Ao contrário do que se imagina, a pequena vampira Eli não é uma flor que se cheire. Isso fica bem claro desde o início. A onda de ataques em Estocolmo mostra a sede de sangue da garotinha. Entretanto com Oskar as coisas são diferentes. Conforme eles vão cedendo ao sentimento que ambos sentem, mais se tornam cúmplices, e mais o telespectador fica cativado com esse sentimento genuíno e adolescente. Isso é tão sutil e convincente que de vez em quando faz a gente esquecer que se trata de um filme de suspense. Mas Eli deixa bem claro a sua condição de predadora, tanto para o público quanto para Oskar. Entretanto o menino só quer saber da compania da sua amiga estranha, que gosta dele e preza o seu bem estar.
  O sentimento que ambos sentem são percebidos de uma maneira sutil, através de gestos. Entretanto nada fica completamente claro. Um exemplo disso, é a relação que Eli possui com um adulto que mora com ela. Em certos momentos esse personagem parece ser seu pai e em outros parece ser um amante, que possivelmente ela conheceu com a idade de Oskar e ainda convive com Eli por servidão do sentimento que sente pela pequena vampira. Em algumas cenas esse personagem trasnparece ciúmes, mas não é o suficiente para tirar qualquer conclusão. Afinal não se devemos esquecer que o foco é Eli e Oskar. Esses conflitos menores na história são apenas curiosidades que não interferem no casal.
  Algo que eu achei muito interessante no filme foi essa troca de papéis que não são comuns nos filmes em geral: a mulher é sempre a figura frágil e o homem é o vampiro bonzinho e forte que a protege. Em Deixa Ela Entrar, Eli é quem protege Oskar das agressõres dos colegas de escola. Essa troca de papéis ajuda a tirar a imagem da mulher como um ser frágil e também dá uma sensação da história ser real, sem idealizações. A alternativa de criar um suspense que não é cheio de gritaria, expressões horrorizadas, e principalmente sem dar sustos é quase impecável e único no meu ponto vista. Seria ótimo se outros diretoes pudessem se inspirar nessa maneira de fazer suspense. O jeito que a história é conduzida é extremanente atraente e inteligente. Palmas para o diretor, porque Deixa Ela Entrar já entrou para a minha lista de melhores filmes de vampiros. Só perde para Entrevista com o Vampiro (1994), mas com certeza é o meu segundo filme favorito com essa temática.

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